Os estudos da Cannabis começaram a se aprofundar nos últimos anos. Por várias décadas as pesquisas sobre a planta foram proibidas por diversas questões, principalmente a luta de classes da sociedade. Neste texto vamos procurar explicar os canabinoides de forma simples e prática.
As propriedades da cannabis foram associadas ao THC, por ser o responsável pela famosa “euforia” característica do uso adulto da planta, porém, o CBD também possui psicoatividade. Mesmo com essa semelhança, a forma como impactam e os efeitos terapêuticos de cada composto são bastante diferentes.
A Cannabis é composta por diversos canabinoides. Os mais abundantes e estudados são o canabidiol (CBD) e o Δ9-tetraidrocanabinol (THC). O CBD e o THC interagem com nosso corpo pelo sistema endocanabinoide, que são responsáveis por diversas funções como: Dor, Apetite, Humor, Memória, Resposta imunológica, Sono etc
Tanto o CBD quanto o THC são quimicamente semelhantes aos endocanabinóides do nosso corpo. Isso permite que eles interajam com seus receptores canabinóides.
Este nosso sistema endocanabinoide é o responsável por “receber” o CBD e o THC entre outros canaboniodes e distribuí-los por receptores como CB1 e o CB2 do nosso corpo, além de outros receptores, como aqueles presentes no sistema serotoninérgico, responsável pelo controle de eventos biológicos fundamentais para o desenvolvimento adequado do sistema nervoso.
A ação em nosso corpo destes dois canabinoides é semelhante à dos endocanabinoides (aqueles que são produzidos pelo próprio corpo), que estimulam receptores fundamentais para o bom funcionamento do corpo. Cada canabinoide pode ativar ou inativar estes receptores em nosso corpo.
O termo mais correto para diferenciá-los é dizer que o THC é psicotomimético, ou seja, desencadeia efeitos semelhantes a um estado de psicose, e o CBD não.
THC
O mais famoso e mais abundante na maioria das espécies de Cannabis.
O THC é o responsável pelo maior efeito psicoativo em nossa mente. Ele age através da ativação dos receptores canabinoides tipo 1, ou simplesmente CB1, localizados principalmente no sistema nervoso central. O THC também ativa os receptores canabinoides tipo 2, ou CB2, que têm relação direta com a atividade imune, uma vez que este receptor está localizado principalmente em estruturas do sistema imunológico.
O THC pode tratar anorexia, espasticidade, glaucoma, asma, doenças autoimunes e inflamatórias e também dores, vômitos, náuseas entre outros sintomas muito presentes em doenças como o câncer e a AIDS. Que pode ser um alívio para tratamentos combinados com a quimioterapia, além de proporcionar alívio para o estresse e tratar a depressão.
CBD
O CBD tem baixo efeito psicoativo, não deixa de ser psicoativo pois atua no sistema nervoso central, e interage de formas diferentes com os receptores canabonoides. Pois sua afinidade pelos receptores canabinoides é baixa, ajudando a modular os efeitos do THC. Não há indícios de que o CBD cause dependência ou efeitos colaterais fortes mesmo em doses mais elevadas.
Hoje muito se fala em óleos ricos em CBD pois seu efeito tem ajudado em tratamentos como a com epilepsia refratária, ansiedade, dores neuropáticas e doenças neurodegenerativas, como a esclerose múltipla, o Parkinson e o Alzheimer.
Isso tudo devido a suas propriedades anticancerígenas, anticonvulsívas, antipsicóticas, antiespasmódicas, imunossupressoras e neuroprotetoras.
Diante à todos os efeitos que a cannabis pode causar, a substância precisa ser consumida de forma consciente e é contraindicada para gestantes, lactantes, adolescentes, crianças e pessoas que operam máquinas ou vão dirigir. E estudos mostram que o uso combinado de THC com CBD tem demonstrado mais eficácia nos tratamentos do que o uso isolado da substância.